Decisão

Influenciadoras de São Gonçalo são indiciadas por racismo

O caso veio à tona em maio deste ano

Mãe de criança filmadas por influenciadoras diz que não autorizou o vídeo
Mãe de criança filmadas por influenciadoras diz que não autorizou o vídeo |  Foto: Redes Sociais
 

A Delegacia de Crimes Raciais e de Delitos de Intolerância (Decradi) indiciou nesta segunda-feira (13) as influenciadoras Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves por racismo, após um incidente em que ofereceram uma banana e um macaco de pelúcia a duas crianças negras. As duas moram em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.

O caso veio à tona em maio deste ano, quando a advogada Fayda Belo, especialista em direito antidiscriminatório, denunciou a ação, destacando o "racismo recreativo".

Os vídeos, que circularam nas redes sociais, mostravam Kerollen e Nancy abordando crianças negras na rua com ofertas de presentes. 

No primeiro vídeo, o menino é abordado em Alcântara, Kérollen chega nele e lhe faz uma proposta: escolher entre um presente ou receber R$ 10. O menino opta pelo presente, porém, ao perceber que se trata de uma banana, expressa descontentamento, afirmando "Só isso?" e deixa o vídeo da influencer.

Em outra gravação, a influencer aborda uma menina na rua e faz uma proposta semelhante, oferecendo a opção de receber R$ 5 ou uma caixa. A criança escolhe o "presente", que lhe é entregue por Kérollen, e ao abrir a caixa depara-se com um macaco de pelúcia. A criança, aparentemente feliz, abraça o brinquedo e agradece à influencer.

Ambos os vídeo foram apagados após a repercussão do caso. Especialista em Direito antidiscriminatório, Fayda Belo ressaltou n aépoca que esses vídeos exemplificam o que é conhecido como "racismo recreativo", uma prática em que a discriminação contra pessoas negras é utilizada com o intuito de entretenimento.

"Vocês conseguem dimensionar o nível de monstruosidade que essas duas ‘desinfluenciadoras’ tiveram ao dar um macaco e uma banana para duas crianças e ainda postar nas redes sociais para os seus mais de 13 milhões de seguidores [...]? Para ridicularizar duas crianças negras, para incitar essa discriminação perversa que nos tira o status de pessoa e nos animaliza como se fosse piada", disse.

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